Insights da insônia 2

Ruminações....



Conferia as postagens anteriores e, quando me dei conta, estava a divagar sobre o título de uma delas: A tênue linha ente o desejo e a razão. Acabei de fazer um trabalho sobre substâncias psicoativas, que - me perdoem o trocadilho- ficou uma droga! Mas serviu para me aproximar de um texto que, sem exagero, me deixou meio chapada.


Levei três dias para lê-lo. Cada parágrafo era uma porrada no cérebro! Falava da perda da autonomia do indivíduo sobre a intervenção em seu corpo e seu estado de consciência. Ele tinha como tema as drogas, mas a discussão de fundo era a alienação. Tenho que confessar, ainda não digeri os dois temas. Na verdade, desde que fiz um curso sobre alienação, volta e meia, me pego num certo deslumbramento com a teoria.

Fiquei loadeando um tempo sobre o tema. Alienação é estranhamento, apartamento, isolamento. Se eu estabeleço uma separação entre meu desejo e minha razão... hum... será que essa separação deveria existir mesmo? É que me lembrei de outra pseudo-dicotomia e... pimba! Outro dos meus raciocínios associativos. Mas vamos com calma, pra vocês voltarem para a poltrona ao meu lado.

A tal dicotomia, que me debato e, até tenho conseguido relativa estabilidade, é entre a razão e a emoção. Digo que tenho conseguido relativa estabilidade, porque a idéia da existência divorciada de ambas tem andado, por hora, afastada de mim. A formulação que consegui estabelecer para mim mesma pode até parecer óbvia para quem está lendo agora, e até para mim, HOJE. Não sei se vocês conseguem compreender como é difícil se desvencilhar daquela idéia de que é preciso ser sensato, racional, ter controle das situações, ser forte. Não são associações que se sustentem a algum questionamento. Mas até você chegar a fazer esse tal primeiro questionamento... Cada um tem seu tempo, não é?

Mas voltando à questão do desejo, foi por conta dessa reflexão que fiquei com uma certa pulga atrás da orelha. Será que o título do post daria como dada a alienação do ser e o desejo, como algo que não se pode se apropriar? Acho que pensar em uma linha divisória entre razão e desejo já expressa uma certa adesão à idéia de que os desejos devem sempre estar sob controle. Mas há uma diferença entre aderir em parte e ter uma concepção como a única possível.

E é esse questionamento que tenho regurgitado e guardado no cérebro e que acabei de servir a vocês. 
Talvez um dia vire energia ou adubo de nossas mentes.
Por enquanto, é só o prouto de mais uma noite de insônia.



Comentários

  1. Parabéns Danielle, Acreditava que estas insonias reflexivas fossem privilégio ou castigo exclusivamente meu...rs, Quanta presunção, mas tudo bem... Olha que texto! confesso que ao entrar no blog não esperava por tamanha qualidade de conteúdo. Mas assim que comecei a leitura fui tomada pela simplicidade de condução ao raciocínio... Acertadamente seu texto tem aquele toque especial capaz de despertar o desejo de aprofundar-se. Pretendo ler mais sobre o assunto e retornar a esse post, com toda certeza. Por hora agradeço a gentileza de dividi-lo. Abraços Ana Matos.

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