Insights da insônia: angústia

Olho a folha branca reproduzida na tela do computador e não sai nada. Toda a angústia que tem me acompanhado ao longo dos dias não toma forma nenhuma. Não se transforma em palavras ou ações. 

Isso é pior do que a tristeza. A tristeza ao menos tem razão de ser. Mostra a que veio com choros, cara feia ou olheiras. A raiva, embora não goste muito de senti-la, também se mostra, seja em acessos de fúria, sessões de xingamento ou de espancamento de algo ou alguém.
Mas essa angústia que não se materializa, não vem à tona e que não sei a razão é realmente...

É realmente algo que nunca senti. É uma mistura de tédio com cansaço, um fluxo de pensamento, que, às vezes é muito rápido. Tão rápido que me faz esquecer de respirar. Acabo contraindo a musculatura da garganta. Isso me causa alguma dor.

Os pensamentos quase sempre são sobre as microquestões do cotidiano, mas nunca vêm em formato organizado. Passam desgovernadamente e, às vezes me levam a lugares obscuros, becos sem saída da minha mente. E essa trajetória, boa parte das vezes tem como efeito uma sensação de desassossego, essa agonia leve que aperta a garganta e tensiona todos os músculos que se possa imaginar existir no meu corpo.

Às vezes esse passeio desorientado da minha mente leva a uma montanha russa emocional, que me faz passar da calmaria ao desespero. Um desespero pela incapacidade de organizar o que ainda está por vir. Uma frustração pelo insucesso na tentativa de estar preparada para tudo. De buscar resposta ou saída para problemas que ainda estão por vir. Me sinto vazia. Incapaz de ter sentimentos positivos. 

Outro dia precisava escrever um cartão de aniversário para minha mãe e na minha única tentativa saiu essa sombria nota:“Gostaria de estar cheia de sentimentos de felicidade, otimismo e outras coisas boas que comumente se evoca nos aniversários para se fazer votos às pessoas...”. Parei no meio. Ainda bem! Não seria nada bom se ela lesse um escrito que começasse dessa forma justo no dia de seu aniversário. Recebeu só o presente mesmo.

Enfim... por hora não há conclusão brilhante, roteiro de superação, fórmula de auto-ajuda ou recurso literário para terminar o texto. Paro aqui na expectativa do sono após o cansaço que bate ao colocar pra fora aquiloquesesente.

Comentários

  1. Surpreendentemente abstrato seu texto, seu pensamento decorre de uma questao que quase sempre ou sempre vem tomando alguns dos meus pensamentos. rs as coisas do cotidiano....nao paramos de pensar e nem sempre conseguimos resolver..que barra! E sua mae gostou do presente? rsrs
    Otima conclusao nao concluida. Adorei

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