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Mostrando postagens de julho, 2012

Um outro par de olhos

" Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre Só uma parte de mim compreende Que a voz dos teus olhos É mais profunda que todas as rosas Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas " e. e. cummings Ela estava à beira do sofrimento. Nem sabia ao certo a cor daqueles olhos, pois nunca conseguia olhá-los por mais que uma fração de segundos. Quando a dona deles apontava-os, era como se uma tonelada a empurrasse para trás. E foi exatamente nesse momento em que buscava dentro de si mesma uma outra forma de estar com as pessoas, que encontrou tão agradável companhia. E assim descobriu o significado da palavra centrípeta, pois fo i impossível não se atrair por aquela personalidade tão incomum. Não demorou para perceber o que sentia, mas tentou ignorar por um tempo para ver se passava. Quando se deu conta, estava exatamente naquele ponto em que não tinha mais condição alguma de se afastar, mas também sabia que não podia, nem queria avançar. A don

Insights da insônia: Spring is coming

"- Quem toma conta de você? - Eu mesma. - Tá! Mas quem te coloca no colo quando a vida dói? - Ah! Quem estiver por perto. - Hum... - Eu sei que sou mais lenta, mas também sei que estou por perto sempre." Me cansei da angústia. Me cansei da dureza do cotidiano. Cansei também da tristeza, que tem me feito companhia há algum tempo. Tenho sentido falta da felicidade e da sutileza. T ambém tem me acompanhado o desejo de que uma explosão multicolorida tome o lugar desse cinza esmaecido que parece filtrar minha visão como uma lente pessimista. A angústia e a tristeza às vezes não se esgotam. Só delas nos cansamos. Sofrer toma tempo e energia. E dá vontade de fazer outras coisas da vida. Sou contra essa cruzada que existe contra a tristeza, sob a acusação de que ela é contraproducente. Mas mesmo achando importante se permitir estar triste, isso não tem me bastado. Essa sensação de que a vida está lá fora e eu estou perdendo tempo, trancada num quarto e

Insights da insônia: angústia II

Vazia. Não sinto nada além de uma torturante dor de cabeça. Não sinto fome. Não estou com sono. Não quero fumar. Não quero comprar nada. Não quero me drogar de forma nenhuma.  Nenhuma ideia lírica, nem um pensamento suicida. Nada salta da cabeça ao papel. É como se tivesse perdido a capacidade de enxergar a realidade, de tirar uma conclusão, enxergar um palmo adiante do nariz.  Se não houvesse registro das coisas que um dia já escrevi, duvidaria que fosse capaz de articular três palavras. Sigo meus afazeres diários sem falhar. Mas nos interstícios da vida, entre um compromisso e outro, numa fila de ônibus ou do pão, esse sentimento me assalta. Chega e ocupa esse pouco espaço vazio do meu cotidiano. Fico como se estivesse a espera de um grande acontecimento que tornasse meu dia diferente, especial, ou colorido, como dizem por ou aí. Às vezes tenho saudades do tempo em que tudo valia à pena. Ao menos agora, na minha lembrança, esse tempo parece ter existido. Sinto como se