Insights da insônia: angústia II



Vazia.


Não sinto nada além de uma torturante dor de cabeça. Não sinto fome. Não estou com sono. Não quero fumar. Não quero comprar nada. Não quero me drogar de forma nenhuma. 


Nenhuma ideia lírica, nem um pensamento suicida.
Nada salta da cabeça ao papel. É como se tivesse perdido a capacidade de enxergar a realidade, de tirar uma conclusão, enxergar um palmo adiante do nariz. Se não houvesse registro das coisas que um dia já escrevi, duvidaria que fosse capaz de articular três palavras.


Sigo meus afazeres diários sem falhar. Mas nos interstícios da vida, entre um compromisso e outro, numa fila de ônibus ou do pão, esse sentimento me assalta. Chega e ocupa esse pouco espaço vazio do meu cotidiano.


Fico como se estivesse a espera de um grande acontecimento que tornasse meu dia diferente, especial, ou colorido, como dizem por ou aí.


Às vezes tenho saudades do tempo em que tudo valia à pena. Ao menos agora, na minha lembrança, esse tempo parece ter existido.


Sinto como se tivesse feito muito esforço e planejamento para chegar a algum lugar. Algo como escalar uma montanha. E, depois de concluída a empreitada e passada a euforia da conquista, é como se um imenso tédio tivesse se instalado em mim. E a felicidade pela vitória alcançada fosse já algo muito distante.


Talvez seja o momento de me levantar e ir a outro lugar.


Sei que turbulência que vem quando se sai da inércia me assusta um tanto.
Mas também sei que a calmaria demasiadamente prolongada me entedia muito mais.

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