"- Quem toma conta de você? - Eu mesma. - Tá! Mas quem te coloca no colo quando a vida dói? - Ah! Quem estiver por perto. - Hum... - Eu sei que sou mais lenta, mas também sei que estou por perto sempre." Me cansei da angústia. Me cansei da dureza do cotidiano. Cansei também da tristeza, que tem me feito companhia há algum tempo. Tenho sentido falta da felicidade e da sutileza. T ambém tem me acompanhado o desejo de que uma explosão multicolorida tome o lugar desse cinza esmaecido que parece filtrar minha visão como uma lente pessimista. A angústia e a tristeza às vezes não se esgotam. Só delas nos cansamos. Sofrer toma tempo e energia. E dá vontade de fazer outras coisas da vida. Sou contra essa cruzada que existe contra a tristeza, sob a acusação de que ela é contraproducente. Mas mesmo achando importante se permitir estar triste, isso não tem me bastado. Essa sensação de que a vida está lá fora e eu estou perdendo tempo, trancada num quarto e...
Seu melhor amigo ao telefone, perguntava, movido por uma sutil ansiedade, quem ela levaria à festa de aniversário dele. Teve dificuldade em responder. Estava exausta. A pergunta feita por ele, fez com que seu cérebro passasse um filme com direito a comentários do diretor, sobre as últimas 24 horas de sua vida. A fita foi rebobinando em saltos não lineares. Primeiro lembrou-se da noite anterior. Mas antes disso, havia passado o por do sol jogando cartas com aquela garota dos cabelos avermelhados. Quando a festa começou, separaram-se por uma cerveja ou duas. Ela encontrou aquele amigo do olhar perdido, que sempre tentava se aproximar mais do que era possível. Repetindo o que já tinha acontecido algumas vezes, ele tentou lhe roubar um beijo. Ela virou o rosto para o lado ato num reflexo e viu de relance os cabelos avermelhados batendo em retirada. Ele ficou alguns segundos a olhá-la com a expressão de quem espera uma resposta. Como não sabia muito bem o que dizer numa situação ...
A Rua São João é um lugar altamente comum. Como toda “Zona do Baixo Meretrício ” de qualquer cidade. Pelo menos é assim que a conhecia, até certa noite. Fui com o Thiago (mais um na minha vida!) um amigo músico (mais outro!!), daqueles que não precisa muita convivência pra ter identificação. Ele estava de passagem pela cidade e foi com um amigo de infância e estudante de cinema. Após fecharmos um bar da "zona familiar" da mesma rua, fomos parar na outra ponta, que, até então era para mim, apenas uma concentração de bares "pé-sujo". Encorajada por duas doses de Ypióca , abordei as meninas com alguma desculpa esfarrapada, que elas tiveram a sensibilidade de desconsiderar. Percebi que, por mais que a classe social demarque algumas diferenças, a opressão é meio universal. Só agora percebo que não fui movida por uma curiosidade antropológica, mas por algo muito maior, uma identificação que fez com que as perguntas não ficassem no âmbito do "como é sua vid...
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Diz aí o que fervilhou na sua mente